segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Estágio em Direito na Reitoria da UFMG



Seguem abertas, até o dia 1º. de fevereiro próximo, inscrições a processo simplificado com vistas à seleção de estudante regularmente matriculado no curso de graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, que já tenha cursado o 4º. semestre, para estágio remunerado na Reitoria. Os interessados devem encaminhar seu currículo até a data retro indicada ao endereço eletrônico bragadarocha@gmail.com.



domingo, 30 de janeiro de 2011

Combate à corrupção: Carta do ministro Jorge Hage à revista Veja



No último dia 27 dez., o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, a quem este blogger teve a honra de servir como chefe de sua Consultoria Jurídica, enviou carta à revista Veja, a propósito da vazia e leviana afirmação daquele veículo de comunicação de que o Governo Lula fora “o mais corrupto da República”.


Na ocasião, transcrevi o inteiro teor da missiva no velho Blog do Braga da Rocha, o que torno a fazer aqui, a propósito de discussões que tenho mantido com diversos interlocutores sobre o atual estado do combate à corrupção no Brasil. 


Eis o texto da carta:   


Brasília, 27 de dezembro de 2010
Sr. Editor, 
Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de “Balanço dos 8 anos de Lula”, conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.
Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se “de que país a Veja está falando?”.
E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular. 
Se isso se aplica a todas as ”matérias” e artigos da dita Retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título “Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo”. Ali, dentre outras raivosas adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como “o mais corrupto da República”.
Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81?
Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do “Engavetador-Geral da República”?
Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero). 
Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais. 
Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui. 
Peço a publicação.
Jorge Hage Sobrinho
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União 




sábado, 29 de janeiro de 2011

Defesa de tese de doutoramento de Marcelo Maciel Ramos


No último dia 20 jan., estive presente à defesa, na Faculdade de Direito da UFMG, da tese de doutoramento do prezado colega Marcelo Maciel Ramos, intitulada A Invenção do Direito pelo Ocidente: Uma investigação face à experiência normativa da China


Marcelo Ramos, que passou longa temporada de estudos em Paris, desenvolveu seu trabalho sob orientação de meu dileto amigo Prof. Dr. José Luiz Borges Horta, tendo sido argüido por comissão examinadora também composta pelos professores doutores Severino Cabral, da UFF, Luís Fernando Lopes Pereira, da UFPR, Joaquim Carlos Salgado e Mariá Brochado, ambos da UFMG, que o aprovou com duas menções de louvor.

Ao jovem doutor e ao seu orientador, que interrompeu seus estudos pós-doutorais em Barcelona especialmente para presidir o evento, registro meus cumprimentos e, uma vez mais, manifestações de reconhecimento acadêmico e amizade.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

'Tanti auguri a te', Aninha!


"Tanti auguri a te,
tanti auguri a te,
tanti auguri a tutti,
tanti auguri per te."

Signorina Silochi aniversaria hoje.

Os interessados que transmitam seus beijos por esta ou outra via,
tal como a rede social Facebook.

 Os meus, darei pessoal e efusivamente.


A aniversariante do dia,  Ana Paula Silochi


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Postagem de comentários no 'blog'


Informam-me alguns leitores que estão encontrando dificuldades para postar comentários neste blog. As configurações de comentários encontram-se ajustadas para postagem livre e desembraçada, independentemente de senha, registro ou mesmo de identificação. Caso persista o problema, queiram meus prezados leitores informar-me pelos meios de contacto de que comigo dispõem.

Agradeço-lhes a colaboração para que este blog siga a constituir, inspirado nos valores plurais que informam tudo o mais em meu comportamento pessoal e em minha prática acadêmica, um espaço de difusão e confronto de idéias.


Saudações!




quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Umas linhas sobre a metafísica ética de Hegel


Entre meus primeiros estudos hegelianos, há cerca de dois anos guiados pelo Prof. Dr. Joaquim Carlos Salgado nos seminários do doutorado em Direito na UFMG, encontrei essa acachapante tradução que faz Franz Rosenzweig da metafísica ética de Hegel:


“Culpa e destino — uma ética , portanto, que sintetiza a vida pessoal sob os mesmos conceitos com os quais a pesquisa estética procura esclarecer a essência da tragédia. Mas, sobre culpa e destino, presente a eles, decompondo-se e se reconstituindo, a unidade da vida. Cada separação entre o ser humano e esta unidade é culpa — culpa não é, a rigor, mais que uma tal separação — um atentado à vida una e indivisível. Mas o atentado não atinge nenhum estranho, nenhum Deus que reina a uma infinita distância da terra, nem mesmo um imperativo moral puro que estivesse de forma sublime em contraposição da vida dominada por instintos e inclinações; o atentado atinge o ofensor mesmo — pois toda vida é una. A culpa engendra assim por si mesma o destino; o criminoso experimenta em sua própria vida o fato de que ele se separou da vida. Este destino não pode ser, como o Deus da ortodoxia, aplacado por expiações compensatórias, mas não permanece eternamente implacável como a lei violada, externa ou interna, judia ou kantiana; como o destino irrompeu imediatamente da culposa separação do ser humano com relação à vida, sua reconciliação dar-se-á pela reunificação imediata do ser humano com a vida, com a reconstituição da relação rompida através da culpa: o amor. A vida pode curar suas feridas. Culpa e destino são ligados um ao outro na concepção da vida, e a vida não é outra coisa senão o movimento de culpa em direção ao destino. O indivíduo não pode se subtrair a este movimento — ele não pode ser inocente, porque ele é, exatamente, indivíduo. Quanto mais ele renega tal coisa, quanto mais ele deseja escapar do fluxo da vida e se declinar às margens dela, esta inocência tão ardentemente desejada, este querer-se-retirar-se-da-vida seria justamente sua culpa; e ele, que esperaria permanecer sem destino, será atingido pelo maior dos destinos.”
Rosenzweig, Franz. Hegel e o Estado. São Paulo: Perspectiva, 2008, p. 136-7.

Nesse esquema hegeliano apresentado por Rosenzweig, culpa e destino parecem ser  elementos que interagem na unidade da vida. A separação entre o homem e a unidade da vida constitui a culpa e sua recondução a tal unidade opera-se pelo destino.

Em outras palavras: a culpa, e não o pecado da ortodoxia cristã, é que constitui um atentado à plena unidade da vida; e essa necessária unidade é reconstituída não por castigos transcendentais ou pelo perdão divino, mas pelo inexorável destino — tão inexorável, parece-me, para o indivíduo, quanto a morte e o nada.

Hegelianos empedernidos dirão que minha leitura é enviesada. Talvez até um tanto nietzcheana, para horror de muitos. Outros possivelmente sequer vejam sentido nestas escassas e despretensiosas linhas. Pouco importa. É nesta perspectiva, cunhada fundamentalmente a partir do indivíduo, que o texto de Rosenzweig tem significação para este destidoso escriba, com sua vida repleta de aflitivos sentimentos de culpa mas, por outro lado, com absoluta aversão à crédula e parva noção de pecado.


Retrato de Hegel, por Schlesinger (1831)



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Caetano forma com os críticos da reforma ortográfica


Do findo blog de Caetano Veloso (www.obraembprogresso.com.br) — personalidade nem sempre digna de citação, quando se manifesta fora de seu métier lírico-poético —, por indicação que me fez há tempos o prezadíssimo amigo e colaborador Levindo Ramos Vieira Neto, stud. iur., uma áspera crítica incidental à chamada reforma ortográfica da língua portuguesa:


Hoje passei o dia dando entrevistas. Me perguntaram várias vezes se eu não sentiria saudade do blog. Claro que vou sentir muitas saudades deste blog. Hoje ele pára – com acento agudo (finalmente li o 'Acordo': achei cheio de inconsistências, com todos aqueles pontos facultativos e com menos acentos diferenciais ainda; sou favorável a uma combinação entre os países lusófonos a respeito das regras ortográficas do português – e acho natural que desta vez o peso brasileiro seja maior do que nunca – mas penso que um acordo tal como o que foi formulado não vai ajudar muito nisso: a história futura poderá inspirar outras soluções – se enriquecermos e passarmos a dar as cartas e as coordenadas de um mundo melhor – e não vi nada sobre 'camião' e 'caminhão', assim como nada encontrei sobre 'porque', 'por que', 'porquê', 'por quê' – digo: se se decide pelas formas portuguesas ou brasileiras – mas entendo que esses não são casos de regra ortográfica propriamente).




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

No Blog do Bigus, a 'maldição do senador sem voto'


A propósito do passamento do sen. Eliseu Resende, o Blog do Bigus — cuja regular leitura me permito recomendar ,  editado pelo arguto Prof. Claudio Henrique Ribeiro da Silva, comenta o que chama de maldição do senador sem voto, que tem assombrado o Estado de Minas Gerais: 

"Com a morte do Senador Eliseu Resende (PFL-DEM), eleito em 2006 com 60,89% dos votos dos válidos, o Estado de Minas Gerais voltou a ser assombrado pela Maldição do senador Sem Voto, ou, em outras palavras, do suplente que, ao assumir a posição deixada pelo titular sem herdar-lhe a legitimidade, aprofunda o sentimento de alienação popular."

Leia-se aqui o seguimento da matéria.




domingo, 23 de janeiro de 2011

Baby Beef BH: Combinação compulsória de rodízio de carnes e sauna


Na última sexta-feira, 21 jan., a companhia de pessoas queridas levou-me ao restaurante Baby Beef BH, na região norte de Belo Horizonte, para o jantar.

O Baby Beef BH é um estabelecimento já tradicional na Capital mineira, que serve buffet variado e churrasco de carnes nobres no sistema de rodízio. Embora tenha cá minhas ressalvas a esse tipo de serviço, posso dizer que comi quase tão bem ali quanto fazia nos anos '90, quando freqüentava mais amiúde o lugar, então considerado um dos melhores grill restaurants da cidade. 

Hoje, porém, os sinais gerais de decadência da casa são de todo evidentes e comprometem significativamente o prazer que o cardápio possa proporcionar à mesa. 

Desde logo, à entrada, nota-se o ambiente um tanto envelhecido, carente de necessária reforma para substituição de móveis, materiais e revestimentos, todos algo gastos e ultrapassados.

Mas é aos primeiros minutos à mesa que se revela o maior desconforto ambiental: o sistema de refrigeração por ar condicionado simplesmente não funciona, ou não funciona com mínima eficiência. Antes, a temperatura interna do salão chega a ser maior que a externa, mercê do adensamento de pessoas e do calor dissipado por churraqueiras, rechauds e os variados pratos quentes servidos. Isso se revela especialmente incômodo em uma noite de pleno verão tropical a 30ºC, em meio a montanhas de média altitude, a centenas de quilômetros do sopro da brisa litorânea.

Não bastante isso, tem-se desagradáveis surpresas como ir ao toilette e não encontrar sequer as indefectíveis toalhas de mão descartáveis, e a inefável sensação da política de descaso com o cliente ao perceber que o gerente, cuja presença se reclamou à mesa, jamais comparecerá para cumprir o elementar dever de ouvir as justas e apropriadas queixas.

À vista disso pode-se dizer, em suma, que jantar no Baby Beef BH corresponde a uma singular experiência: Pedir um rodízio de suculentas carnes e levar, compulsoriamente atrelada, uma longa e intensa sessão de sauna, sem direito sequer a toalhas de papel para enxugar o suor vertido em bicas. E sem direito a reclamar, também.





Post scriptum


Não faz muito tempo, tornei ao
Baby Beef BH para atender a um compromisso social de natureza, digamos, compulsória.

Nesse dia, o ar condicionado aparentemente funcionava. Encontrei, também, tolhas de papel no rest room. O buffet e as carnes, que afinal são o que mais interessa, seguiram minimamente a contento.

Mas continua faltando em todo o staff do Baby Beef a singular cordialidade no atendimento,
a preocupação de cativar o cliente e a atenção aos pequenos detalhes que, para mim, fazem toda a diferença ao escolher esse ou aquele estabelecimento.

Meu juízo negativo sobre a casa permanece, portanto, inalterado.





sábado, 22 de janeiro de 2011

Aniversário de Mônica Adriana


Agora que o sol se pôs, é tempo de manifestar aqui meus cumprimentos à minha querida Mônica Adriana Vilas Bôas, brava advogada, invejável mulher e amiga de valor inestimável, que ainda faz as vezes de musa eventual para este fotógrafo diletante, como se pode ver na bela imagem que abaixo reproduzo.

À Mônica, meu desejo, ex corde, de toda a felicidade que puder retirar da vida.






sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Solilóquio de Hamlet


A propósito de observação que dirigi dia desses à Ana Paula, publico novamente aqui o extraordinariamente poético e filosófico monólogo do príncipe Hamlet, de Shakespeare:

“To be, or not to be: that is the question: -
Whether 't is nobler in the mind, to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune;
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? – To die, – to sleep:
No more; – and, by a sleep, to say we end
The heart-ache, and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, – 't is a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, – to sleep; –
To sleep! perchance to dream: – ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause. There's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despis’d love, the law's delay,
The insolence of office, and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would these fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death, –
The undiscover'd country, from whose bourn
No traveller returns, – puzzles the will,
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn a wry,
And lose the name of action.”

William Shakespeare, Hamlet
Hamlet’s soliloquy, act III, scene 1





O Hamlet de Sarah Bernhardt


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Encontro de egressos da vetusta Casa de Afonso Pena


Compareci ontem, 19 jan., uma vez mais a reunião periódica de seleto grupo de egressos da vetusta Casa de Afonso Pena forma pela qual, com equivalentes solenidade e carinho, usa-se chamar a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais
.

Como de costume, o convescote transcorreu em ambiente de júbilo e camaradagem, não sem alguns toques de nostalgia, presentes que se encontravam representantes de diversas gerações de ex-alunos, formados pela Faculdade sobretudo entre princípios dos anos '80 e meados dos anos '90.

O encontro se dá mensalmente na Cachaçaria Santa Tereza, estabelecimento situado em tradicional bairro de Belo Horizonte, onde se pode degustar um vasto cardápio das célebres cachaças mineiras, oriundas de variadas regiões do Estado, além de saborear petiscos tais como um imperdível jiló fatiado e empanado, iguaria que harmoniza perfeitamente com a famosa bebida.

Aos colegas que se interessem por participar das próximas edições do encontro
 o que há de constituir motivo de grande satisfação para todos , sugiro que colham informações na página do grupo 'Egressos da Faculdade de Direito da UFMG', constituído na rede social Facebook. Solicitações de adesão podem ser dirigidas a seu fundador e administrador, Prof. Dr. Gladston Mamede.


Este escriba, junto a Roberto Auad e Ana Paula Silochi,
no encontro de 'Egressos da Vetusta'


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Liberdade religiosa, excessos de tolerância e ameaça ao princípio do Estado laico


Reproduzo aqui, com ajustes e achegas, post que publiquei originalmente no velho Blog do Braga da Rocha, a propósito do mercantilismo da fé que infesta os meios de comunicação, a vida política e as esquinas de nosso País, pondo-se, presentemente, como grave ameaça ao Estado laico no Brasil.

Avança a madrugada e se aproxima o horário de meu sempre difícil e tormentoso encontro com Morfeu. Ainda um tanto resistente, confiro a programação da tv aberta e me deparo, como todos os dias, com uma praga que se alastra pela maioria dos canais e domina a programação: os deploráveis espetáculos de cunho religioso — especialmente aqueles produzidos por seitas ditas ‘evangélicas’ —, que prometem desde o sucesso material, passando por curas milagrosas e exorcismo de demônios, até, naturalmente, a eterna salvação em um plano extraterreno.

Das questões relativas à fé e à prática religiosa, que outrora professei e exerci com empenho e convicção, encontro-me inteiramente apartado, razão pela qual sobre elas não intento manifestar-me. 

O que me causa horror, porém, é ver a religião transformada em empreendimento comercial — negócio extremamente lucrativo que tem como matéria-prima um discurso fundado na irracionalidade e na ingenuidade dos fiéis — e show business com larga projeção nos meios de comunicação de massa, sob suposto amparo da liberdade de crença e de culto religioso, constitucionalmente assegurada.

Penso que a tanto não pode chegar a compreensão de tal direito fundamental, quando invocado, como sói acontecer, por mercantilistas da fé para escamotear a prática do engodo, da fraude, do estelionato e da falsidade ideológica que faz vítimas aos milhões País afora. Isso sem falar de ilícitos fiscais e contra a ordem econômico-financeira, via ‘lavagem de dinheiro’ e semelhantes práticas, que vitimam toda a sociedade.

E ainda, em última análise, à vista da projeção e da vigorosa atuação de diversos líderes dessas inúmeras seitas na vida política nacional — como tais identificados e reconhecidos no plano político —, penso que se está a constituir uma grave ameaça ao Estado laico, inestimável conquista da modernidade.

Que os estudiosos do Direito, da Política e do Estado possam refletir sobre tal preocupante fenômeno.









domingo, 2 de janeiro de 2011

Aviso: Este 'blog' não observa as regras do mais recente acordo ortográfico da língua portuguesa


Antes que algum desavisado, não sabedor de meu apego à estrita correção vernacular, acabe por julgar-me mal ou mesmo censurar-me, não custa repetir aqui o que eu já havia dado como avisado no velho blognão se observa, neste ambiente sob minha regência, as regras do mais recente e despiciendo acordo ortográfico da língua portuguesa. Vamos às razões.

"Minha pátria é minha língua", conforme da expressão se apropriou Caetano Veloso, em sentido aparentemente diverso daquele que lhe atribuíra Fernando Pessoa, que eu ousaria, igualmente em sentido impróprio, aqui parafrasear: Pouco se me dá que que o Brasil seja invadido, desde que não mexam com a língua portuguesa.

Seja ou não possível filosofar em outras línguas que grego e alemão — conforme terão dito, cada um a seu modo, Heidegger e, de novo!, Caetano Veloso, este naquela obra-prima de canção —, cumpre-me, por dever adquirido daqueles que do português fizeram minha língua-mãe, defender a última flor do Lácio até as últimas conseqüências, até as armas, se preciso for.

Já abri mão involuntariamente — por pura extemporaneidade do nascimento e, por conseqüência, do aprendizado do idioma — de diversas consoantes e de um sem-número de sinais diacríticos, como acentos diferenciais e indicadores de sílabas subtônicas, por exemplo. Basta de empobrecimento!

Como se sabe, a riqueza de um idioma não se mede apenas pela larga amplitude de possibilidades léxicas, como é o caso, induvidosamente, da língua portuguesa — muito embora, nesse aspecto, esteja ela possivelmente a dever à alemã, sempre lembrada por seu singular mecanismo de aglutinação. Constituem também patrimônio da língua os recursos que se põem à disposição de quem escreve para indicar ao leitor, da forma mais precisa possível, cada fonema, unidade mínima de distinção dos sons no sistema fonético respectivo.

Quando se suprime um importante recurso como, por exemplo, o trema — que, para improváveis ignaros que estejam a ler-me até esta linha, serve para indicar que determinada vogal não forma ditongo com a que lhe está próxima, soando, pois, autonomamente — , ou os acentos diferenciais em termos homógrafos, está-se a solapar u'a miríade de importantes recursos lingüísticos que muito dizem respeito ao aparato da expressão e, conseqüentemente, à riqueza do idioma.

Por isso o aviso do título aos meus caros leitores: Não se verá em textos meus aplicação do famigerado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990, em vigor no Brasil desde princípios de 2009, até que reste eu como o último entrincheirado na defesa do velho regime ou até que a força — senão a vis compulsiva, aquela decorrente das circuntâncias irresistíveis — venha a compelir-me a adotá-lo.



Grump e a extraordinária importância da reforma ortográfica


sábado, 1 de janeiro de 2011

Mensagem reinaugural


Bienvenue "Hypócrite lecteur,
mon semblable, mon frère!"
Charles Baudelaire


Amigos:

Retomo neste endereço, a partir de agora, a proposta de manter uma página na rede mundial de computadores em que possa consignar reflexões minhas e alheias sobre as coisas da vida.

Conforme assinalado noutra oportunidade, têm espaço privilegiado neste novo Blog do Braga da Rocha linhas de conteúdo filosófico, jurídico, político, histórico, literário e artístico.

Como 'especialista em generalidades' que se considera este escriba, porém, certamente continuar-se-ão a ler, aqui como alhures, notas sobre assuntos que vão de poesia a esportes, de enologia a religião, de automóveis a artes plásticas, de hobbies a economia, de música a gastronomia...

Tudo isso, claro,  sem embargo do periódico registro de minhas personalíssimas manifestações, comme d'habitude, de fastio e desencanto com a existência.

De qualquer modo, sigo na expectativa de conseguir manter-nos, eu e o Blog do Braga da Rocha, vivos e minimamente ativos.

Braga da Rocha

"Eu tenho apenas duas mãos
E o sentimento do mundo"
Carlos Drummond de Andrade







Copyright  © 2011 et. seq.  Renato Amaral Braga da Rocha, Prof. M.Sc.

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