quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Anel rodoviário de Belo Horizonte: após uma semana, um tímido e fácil paliativo



Na última sexta-feira, 28 jan., mais um estrondoso acidente automobilístico 
— envolvendo, desta feita, cerca de 15 veículos, entre automóveis e caminhões — no anel rodoviário que circunda Belo Horizonte, mais precisamente no entorno da região sudoeste da cidade, ceifou a vida de 5 pessoas e feriu mais de uma dezena de outras. Entre os mortos, a irmã de uma grande amiga deste blogger, que contava 44 anos.

Inscrevem-se entre as prováveis causas do acidente, ao que tudo indica, a criminosa imprudência de um motorista de caminhão pesado em trafegar acima do limite máximo de velocidade estabelecido para o local, a previsível fadiga do sistema de freios daquele tipo de veículo após longo trecho em declive e, não menos importante, a inadequada engenharia da via para aquelas condições topográficas e para o intensíssimo regime de utilização a que se encontra ora submetida. 

Hoje, em letárgica e tardia resposta aos reclamos da comunidade por providências no sentido de evitar novos desastres, noticiam as autoridades competentes a localização emergencial de radares móveis para controle de velocidade no trecho mais crítico do anel rodoviário, justamente aquele em que se deu a tragédia da última sexta.

É certo que o uso de radares não corresponde, por variadas razões, à resposta que se espera para enfrentar os recorrentes acidentes no anel rodoviário de Belo Horizonte. Sem embargo de ações educativas, com efeito a longo prazo, o enfrentamento definitivo do problema requer complexas soluções de engenharia de tráfego, que ao certo passam por redesenho de traçado, reformulação dos acessos, ampliação de faixas de rolagem, melhoria dos acostamentos e instalação ou adequação do mobiliário de segurança.

Mas é igualmente certo que a utilização dos radares móveis, a fim de reprimir o desenvolvimento de alta velocidade especialmente naquele trecho de longo declive, corresponde a um paliativo de cunho emergencial cuja utilidade prática, em curtíssimo prazo, não se pode ignorar. 

O que inevitavelmente se pergunta, porém, à vista do que se noticia nesta quinta-feira, é o porquê de tão elementar medida  de simples provimento, que se deveria implementar, no mais tardar, já no dia seguinte ao da tragédia da última sexta-feira , ter demorado uma semana inteira para ser adotada?

Não há resposta plausível que deixe de reenviar à inépcia, à incompetência e ao descaso com o cidadão que constitui a tônica do comportamento das autoridades incumbidas de gerir o sistema viário, em particular, e a coisa pública, de modo geral, no País. Assim fazendo, esses gestores públicos revelam  para além de seu desapreço pela segurança e pela vida das pessoas,  além de sua indiferença em relação à dor de tantas famílias , desconhecer o elevado custo social e econômico que importa a perda de centenas de vidas ao ano naquela via. 

Em modelo de modesta escala, eis a síntese do que resulta a vergonhosa gestão de praticamente toda a malha viária do Brasil.  




Adendo

Registro em vídeo, pela TV Globo, do acidente mencionado nesta postagem pode ser visto aqui.




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