domingo, 17 de abril de 2011

No Eddie Fine Burgers, o grotesco despreparo de um serviçal


Fui na noite de ontem, sábado, 16 abr., ao Eddie Fine Burgers localizado no bairro de Lourdes, na Capital mineira.


O Eddie Burgers é uma casa de lanches especiais, instalada num belo casarão de arquitetura típica dos meados do século XX, em uma das mais caras e sofisticadas regiões da cidade de Belo Horizonte.

A casa se anuncia como "o melhor hamburger da cidade", conforme se pode ler em seu sítio eletrônico (http://www.eddieburger.com.br/). E não se pode dizer que isso seja de todo exagero. De fato, os substanciosos e suculentos hamburgers lá servidos são feitos quase que artesanalmente, de carne de especial qualidade, submetida a moagem e prensagem diferenciada, segundo o tradicional old fashioned way norte-americano. A montagem dos sanduíches é feita em pães especiais, com ingredientes que se evidenciam cuidadosamente selecionados.

Tudo isso resulta em um cardápio repleto de opções altamente elaboradas e atraentes, que chegam a custar, registre-se, quatro ou cincos vezes o preço dos sanduíches das grandes redes de fast food, como McDonald's ou Burger King.

Não é por acaso que o estabelecimento andou recebendo, durante anos, destaque nos guias especializados no roteiro gastronômico da cidade, entre eles o Veja Belo Horizonte.

Nada disso, porém, subsiste à falta de uma clara e decidida política de atenção e respeito incondicionais ao cliente, a suas necessidades, seus gostos, suas preferências e mesmo às suas idiossincrasias. Exige-se também que as pessoas encarregadas do atendimento tenham acentuado traquejo nas relações interpessoais, habilidade em solucionar problemas sugidos com clientes e singular lhaneza no trato.

E em tudo isso a receita do Eddie Burgers desandou fragorosamente na noite de ontem.

Assim que cheguei ao estabelecimento, solicitei mesa do salão interno, dotado de poltronas mais confortáveis e de climatização. Não consegui. Em verdade estava por conseguir, mas minha preferência não foi respeitada e a mesa acabou destinada a outro casal. Embora já contrariado e irritado, dispus-me a aguardar o surgimento de nova mesa, desde que pudesse fazê-lo bebericando algo ou degustando um appetizer no átrio externo. E então começaram meus maiores dissabores da noite.

Foi-me dito que eu não poderia aguardar o surgimento de mesa no ambiente interno enquanto recebesse atendimento na área externa. Se eu desejasse mesa lá dentro, que esperasse na recepção. Como a recepção estava bastante concorrida, teria de esperar de pé.

Ao protestar veementemente contra essa absurda e hostil sistemática de atendimento, ou de não atendimento, a resposta que tive, antes que o empenho em resolver a já desagradável situação, foi uma reação despropositada, senão grotesca e mesmo violenta, da parte de um dos garçons, que passou a comigo discutir de modo ríspido e em tom alto de voz, para em seguida ofender-me verbalmente e mesmo sugerir que eu ali estaria prestes a ser fisicamente agredido.

O pequeno entrevero durou algo como longos e contrangedores dez minutos, entre minhas manifestações de inconformidade, tanto com o precário atendimento quanto por estar a ser tratado daquele modo incivil, e os insistentes diatribes do serviçal, que levaram a situação à beira das vias de fato.

Em meio a tudo isso interveio o gerente de prenome Miguel, que, após ouvir-me atenciosa e educadamente, negou ser usual a prática de impor aos clientes a espera de pé à entrada, contra o que eu protestara, e se desculpou, em nome do estabelecimento, pela comportamento descortês e grosseiro de seu funcionário — que pode ter lá seu talento profissional para administrar ração a tropa ou tanger gado, mas jamais para servir a clientes de um restaurante-lanchonete com o perfil de refinamento que pretende ter o Eddie Burgers.

Para evitar que se prolongasse o dissabor e restasse minha noite de sábado irremediavelmente comprometida, resisti ao impulso de comparecer à delegacia de polícia ali quase defronte para consignar, em boletim de ocorrência, a prática de crime de injúria ou mesmo de ameaça pelo rude e estulto subalterno.

Mas que fiquem sabendo meus caros leitores, que hoje se contam à razão de três ou quatro centenas por semana: o Eddie Fine Burgers apresenta-se como um estabelecimento que oferece ambiente agradável e serve excelentes lanches; todavia, é também um local onde se entra como cliente e de onde se pode sair, graças ao despreparo e à grosseria de um serviçal, na condição de vítima em uma ocorrência policial.




8 comentários:

  1. Não sou administrador do Eddie. Na verdade, resido em Salvador-Bahia, onde inalgurou-se a menos de 3 meses um Eddie Burger, ao lado da minha residência. Não sei se você é um cliente do Eddie ou se foi a sua primeira visita a casa, porém tanto aqui em Salvador, como em Belo Horizonte, as mesas externas são para uso normal, assim como as externas, a partir do momento em que você faz uso de uma das mesas externas, você automaticamente perde o seu direito a uma mesa na área interna, isso são normas do Eddie, por sinal visíveis a qualquer um, então você não estava apto a fazer qualquer tipo de reclamação em relação a esta questão, sinto muito, você está errado.
    Em relação ao garçom/gerente com o qual você teve a discussão não posso comentar nada.

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    1. [resposta em May 6, 2011 12:56 PM]

      Em réplica ao leitor Ruan Negrão, devo dizer que a única regra que um estabelecimento comercial deve seguir é a de atender da forma mais integral e satisfatória os seus clientes, dentro dos limites de possibilidade e razoabilidade.

      Não me parece que ter de esperar de pé por uma mesa na área interna seja razoável, quando se pode aguardar sentado na área externa, sobretudo quando esta se encontra vazia.

      Ademais, além de nunca ter passado por esse tipo de situação nas lojas do Eddie Burgers, certo é que o gerente se desculpou afirmando, peremptoriamente, que essa NÃO era uma regra de atendimento da Casa.

      E se, como o prezado leitor diz, trata-se de "norma do Eddie", que o estabelecimento siga a impô-la aos parvos clientes que as aceitem, bovinamente. A mim, e a quem mais tenha noção de sua dignidade como consumidor, o Eddie Burgers não mais servirá nem aplicará esse tipo de 'norma' estúpida e hostil.

      Pior que más práticas comerciais dos fornecedores é a falta de senso crítico dos consumidores.

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  2. Sou cliente do eddies e o que mais me atrai é justamente o excelente atendimento (Bh.) talvez porque eu não seja um cliente cordeiro, passivel de ser usada numa inovação gastronômica mas, tampouco, concorrente para bifes solados, que destratam funcionários ("serviçais" é, sem dúvida, um termo pouco amistoso a ser empregado em sociedade capitalista, mas comum em sociedade escrava). Compreendo que todos estabelecimentos tenham regras (até mesmo um visitante em minha residência -e certamente na sua, segue regras,) é ainda mais compreensível que sejam usadas sem apadrinhamento em lugares públicos, basta ao cliente buscar a casa que mais se adequa às suas exigências, por mais pueris que possam ser. Sinto muito por não ter sido tratado com diferenciais em sua visita ao eddies e sincermente, espero que não seja em lugar algum. Não gostou? Não volte! Isso permitirá que pessoas normais frequentem a casa, com ar agradável de sempre, podendo se deliciar do esmero culinário, ambiente, excelente atendimento e, claro igualidade em atendimento.

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    1. [resposta em Oct 10, 2011 02:16 PM]

      Pois bem, sr. ou sra. 'Anônimo', cada um tem seu
      conceito do que seja um "excelente atendimento".

      Segundo o meu conceito, ao certo mais rigoroso e refinado que o seu, o atendimento do Eddie Burgers está longe de representar qualquer padrão de excelência.

      Mas, insisto, isso eu não discuto. Há quem goste de ser maltratado, com longas esperas em pé nas filas e atos de grosseria de funcionários.

      Quando esse tipo de coisa me acontece, faço exatamente o que você preconiza: Não volto ao estabelecimento, como não voltei nem jamais voltarei àquela espelunca.

      Mas não faço isso calado, nem me manifesto escondido no anonimato. Escrevo e digo a todos quantos quiserem ler ou ouvir o que penso acerca de antros de desrespeito e mesmo de violência contra o consumidor como o Eddie. Os mais de 1.000 leitores mensais do Blog do Braga da Rocha sabem bem disso. E minha opinião, aliás, costuma ser tomada bastante em consideração.

      Aliás, se o leitor 'Anônimo' quiser saber que tipo de atendimento considero de excelência, basta consultar palavras-chave como 'recomendações' neste Blog.

      Se não, que continue a se divertir em lanchonetes vagabundas e pretensiosas como o Eddie e a rechear, assim, os cofres de seus ricos proprietários, que, em retribuição, lhe mandarão esperar de pé na fila para ser atendido. Se você não gostar, logo aparecerá um funcionário para lhe destratar e ameaçar.

      Afinal, menosprezo e grosseria estão entre as consentidas 'regras da casa', não?

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    2. [resposta em Oct 10, 2011 02:21 PM]

      Em tempo:

      Sim, 'serviçal' é o que é, em uma sociedade capitalista, aquele que presta serviços em caráter subordinado e subalterno.

      Nos regimes escravocratas, o termo aplicável ao serviçais é 'servo'.

      Quem não gostar do som da palavra 'serviçal' que estude o suficiente para ser chamado, por exemplo, de profissional liberal; ou que revele o tanto de habilidades necessárias a que possa se intitular, digamos, um executivo; ou que ganhe o bastante para se tornar patrão.

      No caso, deparei-me no Eddie Burgers mais do que com um simples serviçal, mas com um serviçal pretensioso, insolente, mal-educado, inábil, despreparado, descortês, grosseiro e desequilibrado.

      É o que o Eddie, com o seu "excelente atendimento", oferece aos clientes.

      Além da fila em pé, claro. Tudo 'regra da casa'...

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  3. Prezado Braga da Rocha, li seu artigo e confesso que fiquei impressionado com todo a história. Nunca fui tratado da maneira hostil relatada em seu artigo, no entanto ressalto que também já observei o despreparo de alguns atendentes do Eddie. Ressalto que frequento o restaurante e conheço muito bem sua política de atendimento, e certa vez, insatisfeito com o atendimento (os sanduíches demoraram e as batatas chegaram queimadas) me recusei a pagar a, hoje quase obrigatória, gorjeta e fui, pasmem, hostilizado pelos funcionários do local. Nessa ocasião fui informado de que os garçons não recebem remunerações fixas, mas apenas uma divisão de parte das gorjetas... Desde então, tenho tentado evitar retornar ao restaurante, o que não consigo com tanto sucesso, eis que minha namorada, com razão, adora os lanches servidos pelo restaurante. Gostei da crítica. Abs.,

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    1. Prezado Bruno, folgo em saber que também você aplica um elevado padrão de exigência quanto a serviços do gênero, que aparentemente o presunçoso Eddie Burgers não pode ou não quer atender.

      A resposta que tenho a dar, como consumidor, à desatenção, à descortesia e ao mau atendimento é precisamente essa: não retornar ao estabelecimento, por mais que isso signifique para mim também uma indesejável privação dos bons produtos que possa encontrar por lá.

      Assim não fizesse, estaria a estimular as más praticas de atendimento que, infelizmente, constituem a regra nos mais variados segmentos de mercado em nosso País.

      Para os apreciadores dos bons sanduíches, identifiquei recentemente em Belo Horizonte aquela que pode constituir uma boa alternativa ao Eddie: uma hamburgueria situada na região da Pampulha, mais precisamente na av. Fleming, bairro Ouro Preto. Assim que puder conferir escreverei a respeito.

      Saudações!

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  4. Como escrevi em anterior comentário, pior que as más práticas comerciais de empresas hostis ou desonestas é a falta de senso crítico dos consumidores estultos e servis. Estes merecem o que recebem daquelas.

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