quinta-feira, 28 de abril de 2011

A revolução que a sociedade brasileira não quer


D
epois de oito anos a experimentar significativos avanços institucionais e a receber tratamento minimamente condigno, as universidades públicas voltam, neste ano, a ser fustigadas pelo Governo Federal por meio da ameaça do contingenciamento de recursos, da férrea limitacão da atuação das fundações de apoio, da suspensão do provimento de cargos vagos, da perspectiva de congelamento de salários e da instituição ou restauração de controles vários sobre a gestão universitária, altamente restritivos, inúteis e de elevado custo para o erário.

E, assim, o País segue errático nas suas políticas públicas para a educação superior, nomeadamente no âmbito das instituições federais. 


De uma das vítimas preferenciais desse histórico obscurantismo nacional, diga-se o de sempre: o professor continua mal remunerado, desprestigiado, desestimulado e sem condições minimamente adequadas para o desempenho de seus misteres. Agora, contudo, 
além de ser obrigado a assumir cargas horárias irracionais e contraproducentes em atividades didáticas, o docente se vê premido,  nas instituições federais, pela imposição de atendimento a incontáveis indicadores de 'produtividade' estabelecidos pelas agências de fomento à pesquisa, sem o que não tem a acesso aos parcos recursos existentes para viabilizar seu trabalho de investigação científica. 

E  não se enganem os que pensam que tal cenário é de responsabilidade deste ou daquele governo, desta ou daquela gestão na área da educação. Em linhas gerais, pode-se dizer que as coisas sempre foram assim. E se não há perspectiva de mudança no horizonte, isso não decorre apenas, 
como muitos querem fazer crer, da escassa sensibilidade dos governantes para o problema da educação, de modo geral, e da universidade pública, em particular. Resulta, sim, do sentimento generalizado na sociedade, de forma consciente ou não, de que educação é assunto de menor importância e urgência, que não há de constituir, pois, mais que prioridade formal nas plataformas político-eleitorais. E só. 

Houvesse um efetivo reclamo social por maciços investimentos na educação, condição sine qua non para o desenvolvimento, governo algum ousaria ignorar tal 
clamor. E, assim, no Brasil já se teria operado a revolução educacional verificada em certos países de semelhante estado de desenvolvimento.





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