terça-feira, 23 de agosto de 2011

Terrorismo travestido


Torno a um ponto abordado neste espaço há não muito tempo — vide o post intitulado Em Belo Horizonte, policiais e professores convertidos em desordeiros, de 8 jun. 2011 —, o que juridicamente poderia ser traduzido como uma indagação a respeito dos limites da liberdade de reunião e de manifestação pública da opinião, assunto sobre o qual escreverei oportunamente.


Neste momento, um contigente de ativistas do Movimento dos Sem Terra encontra-se na região do bairro Funcionários, em Belo Horizonte, caminhando em passeata na direção da praça Sete de Setembro, ponto de intesecção das duas principais avenidas que cruzam o centro da cidade.

Assim o trânsito, nas horas críticas do final do dia, se tornará ainda mais infernal. A cidade vai parar, se já não parou. Trabalhadores chegarão em casa três ou quatro horas depois do horário regular. Estudantes perderão aulas. O caos se instalará na noite de Belo Horizonte. Foi assim quando um bando de canalhas incivis resolveu ocupar a mesma região do chamado 'hipercentro' da Capital, há cerca de dois meses. 

Os danos sociais e econômicos são incalculáveis. Retidos por horas a fio no trânsito, executivos perderão a hora da reunião em que fechariam negócios, viajantes perderão vôos e conexões noutras cidades, advogados perderão o último dia do prazo prescricional de ações várias, médicos deixarão de realizar consultas e mesmo cirurgias emergenciais, doentes socorridos às pressas em ambulâncias perderão a vida. 

Esse tipo de coisa não se concebe na zona de intersecção de artérias centrais de tráfego de uma metrópole. Não se concebe em uma sociedade civilizada. Não se concebe em um Estado de Direito. Nem constitui manifestação livre e pacífica ou exercício regular de um direito subjetivo, individual ou coletivo. Equipara-se a uma ação criminosa. É terrorismo. Terrorismo travestido de exercício de direito fundamental. Mas terrorismo.





2 comentários:

  1. Prezado Braga,

    Assisti a passeata ensurdecedora descendo a Av. Afonso Pena no meio da tarde enquanto o animador no megafone elogiava a passeata "ordeira" que interrompeu a avenida principal causando inegáveis transtornos. O megafone anunciava manifestação dos professores mas só divisei o MST, bandeiras, camisas, trabalhadores e não trabalhadores rurais. Onde estavam os professores. Fundir ou confundir as as duas categorias numa manifestação a favor dos professores estaduais pareceu-me estranho e desfavorável aos professores.

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    1. [resposta em Aug 23, 2011 02:58 PM]
      Penso que não fiz a confusão que você aponta, minha cara Valéria. Está claro que a manifestação de hoje foi de exclusiva responsabilidade do MST. Referi-me, em paralelo, à manifestação de professores e policais no último dia 8 de junho, que igualmente bloqueou a Praça Sete e causou transtornos imensuráveis à cidade. Nesse ponto é que convergem as manifestações: ambas se valem da mesma estratégia e do mesmo 'modus operandi' terrorista.

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