segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Renault Duster riscado do caderno de compras





Há dias, conquanto tenha feito incontáveis ressalvas ao carro, resolvi dar andamento a tratativas que me poderiam levar a adquirir um Renault Duster, recente lançamento da marca francesa no Brasil.

Meu propósito era o de estimar o custo de aquisição do veículo com os descontos resultantes de benefícios fiscais e políticas de comercialização voltados a produtores rurais, categoria em que legalmente me insiro, conforme cadastro respectivo junto aos órgãos públicos competentes.

Tentei estabelecer contacto por telefone e por e-mail com as duas concessionárias Renault situadas em Belo Horizonte, Valence e Minas France, a fim de obter cotação para uma unidade do Duster na versão Dynamique, com motor 2.0 litros e câmbio automático.

A atendente da Valence, concessionária em que eu já havia sido extremamente mal atendido noutra oportunidade, disse-me ao telefone que repassaria minha demanda ao único vendedor responsável pelas ditas 'vendas especiais', categoria em que se inserem aquelas a produtores rurais. Supreendentemente, soube então que um único vendedor cuida do atendimento a segmentos de clientes tais como pessoas jurídicas, taxistas, portadores de necessidades especiais e ruralistas. Como se tratava do mesmo vendedor que me atendera de forma desatenciosa e desinteressada noutra ocasião, quando meu irmão estava por adquirir um utilitário Kangoo, desisti de dar seguimento a qualquer negociação.

À Minas France me dirigi via correio eletrônico. Recebi de pronto uma resposta curta e burocrática, por meio da qual o vendedor, sem atender ao meu pedido de cotação de preço e condições de pagamento, prometia uma resposta para breve. Essa resposta jamais sobreveio. Passados uns tantos dias, resolvi fazer novo contacto. Ao telefone, a atendente da Minas France disse que aquele vendedor  ali também!  era o único competente para tratar das tais vendas especiais. Em outras palavras, se eu quisesse a cotação do veículo, teria de esperar sua boa vontade. Uma vez mais, perdi o interesse por entabular a negociação.

Obstinado no intento de haver uma proposta de venda, liguei para o serviço central de atendimento ao consumidor da Renault, no Paraná. Após percorrer um autêntico calvário no confuso e precário sistema de direcionamento por números a um atendente, consegui enfim ouvir voz humana. Expliquei o problema ao atendente e ele, sem se preocupar em registrar para ulterior correção o absurdo desinteresse das concessionárias locais, prometeu-me que a loja mais próxima da Capital mineira haveria de me telefonar nas próximas horas.

Com efeito, recebi em poucos minutos telefonema de um vendedor da concessionária Carmo, situada na vizinha cidade de Sete Lagoas. Dali, enfim, consegui obter uma cotação de preço para o Renault Duster, não sem ver incluso, naturalmente, o inaceitável ágio sobre o preço anunciado pela fábrica, que eu já denunciara no Blog do Braga da Rocha em anterior post sobre o assunto.

Naturalmente, desisti de qualquer expectativa de compra do Duster e, provavelmente, de veículo algum da Renault.

A mim parece inacreditável e inadmissível que um cliente interessado em um bem de consumo algo restrito, como são os automóveis na faixa de US$ 40 mil no Brasil, tenha de perseguir vendedores e implorar-lhes atenção.

Também não me parece coerente que a uma ampla e agressiva campanha publicitária como aquela feita pela Renault a respeito de seu mais recente lançamento, o sport utility Duster, corresponda o descaso e a negligência de concessionárias e funcionários responsáveis pela efetiva comercialização do produto.

Seja como for, se é assim que os clientes da Renault são recebidos ao manifestar seu interesse por um produto em plena fase de lançamento, imagine-se como serão atendidos no chamado 'pós-venda', isto é, após a compra.

Não por acaso o resultado desse desapreço ao consumidor é empiricamente percebido, sem maior dificuldade, pelos mais atentos ao mercado automobilístico: dois meses depois do lançamento, não se vê presença ostensiva ou marcante do Renault Duster nas ruas.

Com seu líder de vendas no segmento dos SUV compactos — o obsoleto porém inabalável EcoSport —, a Ford agradece.  



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22 comentários:

  1. Com todo o respeito, mas comparar o EcoSport com o Duster é algo que só pode ser falado por alguém que não entende nada de carro. Já viu os testes entre eles. O Duster é um, ou vários patamares acima,...desculpe-me a fraqueza, mas EcoSport é carro de mulher que não quer sujar a barra da saia.

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    1. [resposta em Dec 9, 2011 01:56 AM]

      Como o leitor deve ter percebido, este 'post' não tem por finalidade estabelecer uma comparação entre Renault Duster e Ford EcoSport. É a crítica de um consumidor indignado com o descaso das concessionárias Renault em relação a potenciais compradores, o que, por si só, deveria eliminar o eventual interesse de qualquer consumidor consciente e exigente. Quanto às qualidades intrínsecas do Duster, sobre elas publiquei minhas impressões há algumas semanas — veja, se desejar, o histórico de publicações do Blog do Braga da Rocha, faça uma pesquisa por palavras-chave na página inicial ou simplesmente clique no atalho ao final desta matéria.

      E uma comparação, se se pretendesse fazer aqui, entre Duster e EcoSport não teria nada de despropositada ou absurda. São produtos que concorrem na mesma faixa de mercado, a dos SUV compactos, e em idêntica faixa de preço. A imprensa especializada tem feito variados testes comparativos, sem conclusão alguma de que um se situe "vários patamares acima" do outro. E a fábrica francesa lançou o Duster declaradamente para concorrer com o EcoSport. Na visão do leitor Anderson, pois, revistas como Quatro Rodas, Auto Esporte, Carro e Car and Driver — as quais, insisto, vêm de realizar comparativos bastante equilibrados entre ambos os veículos —, e mesmo a própria Renault, que reconhece ser o veículo da Ford o alvo a ser superado pelo Duster, todos esses, enfim, além deste modesto 'blogger', não devem mesmo entender nada de carro...

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  2. Caro Braga da Rocha, afinal qual o desconto que a Renault te ofereceu? Estou também interessado em comprar um Duster com o desconto de produtor rural.

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    1. A Renault não revela qualquer interesse em atender o segmento de produtores rurais. Primeiramente, não respodem ao interessado, como relatei no 'post'. Quando, enfim, se dignam de responder, informam que o desconto ficaria em torno de 5%, ou cerca de R$ 3,3 mil para as versões de topo. Mas opõem incontáveis embaraços á negociação, como aplicação do preço de tabela pleno, sem quaisquer descontos ou 'bônus' da concessionãria; exigência de pagamento antecipado; taxas de juros ainda mais altas que as usuais, no caso de financiamento de parte do valor; inacreditável prazo de entrega de 60 a 90 dias etc. Feitas as contas, a suposta vantagem da compra como produtor rural é nula. Não passa de um engodo. Ou seja, não querem vender.

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  3. Perfeita descrição do atendimento recebido. Infelizmente as outras capitais não ficam distantes desta realidade, vendedores despreparados, despreocupados e ... (dxa p lá!!!)

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    1. Pois é, prezado leitor. A meu juízo, eis a principal razão pela qual as marcas francesas, a começar pela Renault, não ganham porção expressiva de mercado no Brasil. Da compra à assistência técnica, o trabalho das concessionárias situa-se, invariavelmente, abaixo da crítica.

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  4. Braga, apesar de aparentemente postar matérias consubstanciadas vejo que parte do relato está fora do eixo das minhas experiências dos últimos 15 anos com marcas francesas e parece se apegar em preconceitos sem, pelo menos, reconhecer as qualidades relativas do carro. O Duster hoje é a melhor compra para um tipo de consumidor que quer algo (bem)acima do Ecosport em termos de uso off-road, mas que não quer um jipe como o TR-4. Assim, ele é a melhor opção como SUV concorrendo com coreanos campeões de publicidade. Quanto ao tratamento das concessionárias, num período de muitas vendas esqueça o mimo de 10 anos atrás. Reconhecimento, foi o que o que a QR fez no teste dos CROSSOVER ao colocar o Peugeot 3008 inegavelmente em primeiro lugar, mas tecer considerações, no mínimo, constrangedoras para a marca. Nelson Dantas

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    1. Em breve farei réplica a suas observações, prezado Nelson Dantas. Desde logo lhe agradeço pelo comentário.

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    2. Prezado Nelson Dantas:

      Asseguro-lhe de que não se trata de mero 'preconceito' em relação às marcas francesas, com que já tive, aliás, algumas boas experiências.

      Mas o relato que faço na publicação não deixa dúvidas da absoluta negligência com que não apenas uma, mas ambas as concessionárias locais da Renault tratam um potencial cliente. Isso antes mesmo da venda. O que se dirá, então, depois de ter vendido o veículo.

      E lamento dizer, mas não me conformo com comportamentos grosseiros e desrespeitosos como o da Renault. Nem mercado aquecido pode justificar isso. Até porque, se há demanda em grande quantidade — o que não é bem verdade no específico segmento das versões de topo do Duster, a quase R$ 70 mil —, há também uma concorrência cada vez mais acirrada, o que não me parece permitir esse tipo de descaso. Cliente mal atendido, se tem consciência de sua dignidade, procura o concorrente. E foi o que fiz.

      Concordo com o que você disse em relação ao Duster, como a melhor compra para um tipo de consumidor que quer algo superior ao Ford Ecosport em termos de uso 'off-road' e alguns outros atributos, mas que não quer um jipe de comportamento áspero como o Mitsubishi Pajero TR-4, e também na comparação com os coreanos de grande apelo publicitário.

      Todavia, tal como no caso do 3008 testado pela revista Quatro Rodas — que, a meu juízo, foi um fiasco, pois se revelou um carro ótimo, mas sem assistência minimamente confiável e eficiente —, as concessionárias incompetentes e negligentes põem a perder toda a alta qualidade que as marcas francesas costumam oferecer.

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  5. comprei na valence um sandero completo com 8% de desconto sobre a tabela e fui muito bem atendido pela vendedora marlene, só tive que esperar 60 dias para entregar o carro, este tempo é comum para todas as fabricas, visto que a fiat em betim me pediu 90 dias.
    Osmar

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    1. O colega Osmar não deixa claro se o desconto concedido decorreu de alguma ação promocional ou das políticas de comercialização voltadas a frotistas e congêneres, entre estes os produtores rurais.

      No caso de minha tentativa de adquirir o Duster, insisto, restou a sensação de que a dita 'venda direta' a essas categorias oferece descontos meramente fictícios e envolve condições gerais de negociação sumamente hostis ao consumidor.

      Pouco depois do desgastante processo relatado nesta publicação acabei por adquirir, uma vez mais, um Ford EcoSport 2.0 XLT automático.

      Tive 13,5% de desconto em valores reais, e não meramente nominais. O montante pago antecipadamente, no ato do pedido, foi de apenas 1% do valor do veículo. E o prazo de entrega, do pedido à chegada do carro na concessionária, foi de exatos 25 dias.

      É certo que dada fábrica tem sua política de comercialização, que muda segundo a realidade conjuntural do mercado. Mas isso, sim, pelo menos na ocasião, me pareceu constituir comportamento verdadeiramente respeitoso em relação ao consumidor.

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  6. Comprei e retirei um Duster Dinamique, no dia 01 nov 12, está imobilizado na concessionária desde o dia 12 - 11 dias hoje... levei o caso a diretoria da montadora, até agora nenhuma resposta. Acho que fiz uma má escolha, o carro realmente aparentava ser excelente, mas poucos dias os problemas acumularam: o mais crítico - problema no eixo traseiro.

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    1. Entendi mal ou o carro apresentou problemas com menos de 15 dias de uso, prezado Ricardo Santaguida?

      Esse tipo de infortúnio pode, claro, acontecer com veículos de qualquer marca. Mas o que difere uma marca de outra é como ela, por intermédio de suas concessionárias, trata o problema. E, ao que parece, no seu caso a Renault só faz confirmar a impressão de descaso com os clientes que me transmitiu no episódio da cotação do Duster.

      Espero que o problema com o seu veículo se resolva o quanto antes. Se possível, dê-nos notícias do andamento das coisas.

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  7. Prezado Braga, gostaria de parabeniza-lo pela descrição do descaso no atendimento da Renault.Aqui em Recife sofri para comprar meu Fluence na concessionária Regence. O vendedor chegou a reclamar comigo porque eu falei com o supervisor dele para tratar da data de chegada do veículo. Parece que eles estão fazendo um favor de nos vender o carro. Observem que nesta modalidade de desconto a garantia cai para apenas 12 meses. Só fui informado disto quando meu carro estava sendo entregue.mas estou muito satisfeito com o Fluence.

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    1. O moderno Fluence me parece, com efeito, um excelente carro. Estaria entre minhas possíveis escolhas, ao adquirir um 'sedan'. Aliás, estou certo de que se trata de um dos veículos que oferecem melhor relação entre custo e benefício no mercado. As enganosas políticas de comercialização da Renault e o sofrível desempenho das concessionárias, porém, desestimulam a cogitação de compra.

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  8. Prezado Braga, você poderia ter dito a mesma coisa com um texto mais limpo e dinâmico (ideal para a internet) sem precisar da ajuda de um dicionário. Seu texto ficou confuso e entediante, cheio de palavras forçadas e difíceis, como se estivesse defendendo uma tese de Direito.
    desculpe as minhas palavras, mas considero uma crítica construtiva e não tive a intenção de lhe ofender, apenas falei o que eu percebi ao ler o seu texto.

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    1. num gostô, ou num sabe lê, num volta, uai!

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    2. [resposta em Nov 9, 2011 16:37 BRST]

      Prezado leitor 'Anônimo':

      Agradeço sua preocupação com a qualidade e o estilo de minha escrita, mas devo dizer que a dispenso sem maior pesar.

      O Blog do Braga da Rocha se dirige precipuamente a um público seleto, de boa formação e elevado nível intelectual e cultural, que se presume capaz de compreender conteúdos por vezes complexos, apresentados em linguagem elaborada. Tudo muito diverso, portanto, do que se encontra na generalidade dos 'blogs' na rede mundial.

      Esta publicação, em especial — que traduz, como já disse, a saudável indignação de um consumidor diante do inaceitável descaso de um fornecedor —, não se exprime em tom técnico ou sofisticado, muito menos tem caráter jurídico ou, como pretende você, contém "palavras forçadas e difíceis"; antes, obedece apenas ao imperativo de apuro da linguagem, que procuro imprimir a tudo o que escrevo, embora o bom vernáculo seja algo raro no ambiente da 'internet'.

      Aos que tenham dificuldades de compreender isso, recomendo que leiam, ou releiam, a mensagem de boas-vindas deste espaço.

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  9. O Renault Duster é lixo e ponto final!!!

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  10. Quer comprar um carro mas não quer se dar ao trabalho de ir até a concessionária pessoalmente... vai entender...

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    1. Cada um vai às compras da forma que acha mais conveniente, prezado leitor. Cabe a quem vende pôr à disposição os canais de atendimento que satisfaçam a um universo cada vez mais amplo de clientes. Quem assim não faz, simplesmente perde a preferência. É como funciona o mercado.

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  11. já passei por isso como frotista na GM, Fiat, Renault, Peugout... a Renault foi onde eu fui melhor atendido.
    Porém ainda não vi uma concessionária onde o atendimento a vendas diretas e especias seja o prioritário. Digo, sempre apenas 1 vendedor para este tipo de cliente e sempre muito ocupado.
    Devido ao desconto não vejo problemas em esperar um pouco ser atendido. Fato é q o preço do carro para cliente comum é um absurdo! Oq der para tirar do preço, eu estou dentro! rs
    abs Braga!

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