sexta-feira, 24 de junho de 2016

J. B. Villela, 80 anos



Prof. Dr. João Baptista Villela

 
Buscar escrever ainda que um ensaio de nota biográfica a respeito de meu mestre, o Prof. Dr. João Baptista Villela, na ocasião em que completa ele 80 anos de vida, neste 24 de junho, soa-me como tarefa demasiadamente pretensiosa, ademais de inevitavelmente ociosa.

Sinto que devo resignar-me, pois, no preito que ora esboço, a um sumário registro da relação acadêmica e pessoal que com ele conservo, há quase 30 anos, o inexcedível privilégio de manter.

O Prof. J. B. Villela foi o responsável por minha substancial e genuína introdução à Ciência do Direito, quando tive a felicidade de encontrá-lo, no já longínquo ano de 1989 — fora apresentado a ele cerca de um ano antes, por um discípulo seu, amigo em comum —, como responsável pelas disciplinas de Teoria Geral do Direito Privado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.

Após ter sido seu aluno por dois semestres acadêmicos, tornei-me, logo em seguida, por todos os anos seguintes da graduação, monitor das disciplinas lecionadas por aquele então jovem professor titular de Direito Civil na Casa de Afonso Pena. Durante esse tempo, Villela funcionou como meu preceptor, tendo sido por ele iniciado, em meio ao trato diário dos afazeres universitários, nos árduos e nobres misteres da vida acadêmica.

Seguiram-se à monitoria as atividades de iniciação científica, na graduação, e ao desenvolvimento, na pós-graduação, de meu trabalho de mestrado, cuja orientação o Prof. J. B. Villela decididamente assumiu desde as primeiras cogitações temáticas, com permanente incentivo à incansável aplicação aos estudos e à integral dedicação à academia, do que haveriam de resultar, conforme ele próprio encarecia, o apuro do raciocínio jurídico e o desenvolvimento do rigor científico.

Assim também se deu quando Villela me recomendou à Universidade de Roma 'La Sapienza', a fim de que pudesse eu participar de ciclo de altos estudos oferecido pelo Instituto de Direito Romano, ou quando tive a oportunidade de substituí-lo, na execução de encargos acadêmicos, durante um série de afastamentos da UFMG para o desempenho de atividades de ensino e pesquisa em universidades e instituições científicas da Alemanha, da Itália, da Espanha e de Portugal.

Depois, mesmo tendo me ausentado de Minas Gerais por mais de uma década, para missões extra-acadêmicas na vida pública, e tendo angariado aqui e alhures considerável experiência docente, Villela sempre se fez presente com seu constante aconselhamento, pessoalmente ou à distância, quando não com a contribuição direta e imediata em projetos e realizações acadêmico-profissionais que busquei levar a cabo no Distrito Federal.

Há alguns anos, já aposentado na universidade, uma infeliz seqüência de acidentes resultou em extrema fragilidade de sua saúde, o que repentinamente nos privou da intensa convivência que vínhamos a novamente entabular, desde que eu voltara a Minas, e provocou seu precoce afastamento dos ofícios acadêmicos e das relações sociais, de modo geral.

De todo esse longo tempo guardo, entrementes, minhas melhores e mais saudosas lembranças da inigualável convivência com o Prof. J. B. Villela e de seus preciosíssimos ensinamentos, com o que logrou transmitir a seus discípulos, e neles incutir, todo o vasto conjunto de princípios e valores que compõem o ethos científico e acadêmico.

Ao mestre e amigo, pois, por quem nutro admiração e reconhecimento incondicionais, torno pública esta singela homenagem por ocasião de mais este seu natalício.





[à presente publicação poderão ser agregados, em breve, achegas ao texto e conexões externas
a respeito do hoje aniversariante, os quais, todavia, não faço de pronto, neste fim de tarde
de 24 de junho, em razão da emoção de que me toma a escrita do post]


[para informações a respeito do Prof. J.B. Villela, inclusive suas principais publicações,
consulte-se verbete biográfico na Wikipedia e seu curriculum vitae et studiorum
disponível na Plataforma Lattes, do CNPq]


[o copyright da fotografia que ilustra esta publicação é, presumivelmente,
de Giordano Bruno Soares Roberto, editor do blog Magistério Jurídico]