Inspirado pelo Valetine's Day, iniciei a construir algumas reflexões sobre o comportamento de homens e mulheres uns perante os outros, nas relações afetivas. Mas interrompi o trabalho ao me lembrar desse escrito, publicado há cerca de dois anos no velho Blog do Braga da Rocha, que, de certo modo, calha bem a uma ocasião do gênero. Reproduzo-o, adiante, com necessários ajustes e achegas.
"Em meio a um esforço sobre-humano para concluir uns textos acadêmicos — o que tem me impedido de escrever aqui meus comentários sobre temas que tenho por imperdíveis, como a 'farra' das passagens aéreas no Congresso e a 'baixaria' em sessão do Supremo — , faço pausa para descansar o corpo doído e passo a navegar a esmo pela rede, confortavelmente instalado em minha cama, a partir do brinquedinho recentemente adquirido, um ultra-compacto ASUS EeePC 1000 Intel, de 10 polegadas e acabamento em black piano.
Visito blogs que acompanho, leio sítios de notícias, dou uns 'pitacos' em comunidades de aficcionados por automóveis, mas o que mais me chama a atenção, lamentavelmente, é o comportamento feminino, a partir da observação casual de conhecidas nas chamadas 'redes sociais' de que participo.
Uma de minhas interlocutoras na rede e na vida fora dela, bonita jovem de vinte e tantos anos e profissional relativamente bem-sucedida, exibe em seu álbum eletrônico de fotografias, como um troféu, a aliança de noivado recentemente 'conquistada'.
Outra, um pouco mais jovem, ma non troppo, igualmente bela e supostamente inteligente, declara publicamente sua paixão pelo "grande e verdadeiro amor da minha vida", ou coisa que o valha, que se sabe tratar-se de um qualquer colega de faculdade, a quem há não mais que uns meses vem 'conhecendo', no sentido, digamos, bíblico do termo.
E esses, infelizmente, não são casos isolados, uma vez que se reproduz em impressionante escala a banalização dos relacionamentos afetivos, com a interminável seqüência de "amores da minha vida", e se acentua, com isso, a contradição de procurar conjugar a liberdade sexual feminina, conquistada há cerca de uma geração e ora exercida sem peias, com a suposta 'legitimação' conferida aos relacionamentos pela idéia ou intenção de casamento. Ou, ainda pior, insinua-se a indigna idéia do casamento como forma de ulterior legitimação e convalidação de uma vida licenciosa e promíscua.
Pura ingenuidade, notável estupidez, escasso amor próprio ou censurável hipocrisia? Por uma ou outra razão, ou ainda uma conjugação de algumas delas, talvez essas pessoas realmente acreditem no que dizem e em como se comportam. Ou, por outro lado, talvez ajam simplesmente movidas pela última e mais provável das razões retro aventadas.
Faço apenas deplorar."
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluir