Acompanha-se nestes dias, pelos mass media, a interminável cobertura do estado de saúde de um inexpressivo cantante goiano de música sertaneja, vítima de acidente automobilístico há algumas semanas — cujos efeitos tiveram a gravidade exponencialmente acentuada, diga-se de passagem, pela aparente omissão na elementar providência do uso do cinto de segurança.
Isso me remete a algumas linhas que publiquei há uns poucos anos no velho Blog do Braga da Rocha, quando da morte de um mundialmente conhecido pop star — não menos indigente, entrementes, do ponto de vista cultural —, que contém raciocínio perfeitamente cabível, observadas as respectivas proporções, ao deplorável fenômeno que ora se testemunha.
Ao que parece, com efeito, a humanidade não faz mesmo jus a mais que a miséria moral e a indigência cultural, de que esse culto à escória constitui um dos mais evidentes sintomas.
Sábado, 27 de hunho de 2009
Morreu Michael Jackson. Quid?
Sempre que se mobilizam as atenções do mundo para fatos relacionados à vida ou à morte de pop stars e quejandos, lembro-me invariavelmente da objeção que em situações do tipo fazia meu saudoso tio Francisco Viriato, vulgo Nonô, mais ou menos assim, na sua incontrastável sabedoria:
"Mas esse sujeito aí nada faz — 0u fez — pelo bem da humanidade...!"
Nada mais acertado. E nada menos percebido pela sociedade, cada vez mais sob o irresistível império da esmagadora massa de ignaros e estúpidos que a compõem.
É de se notar ainda que, ao longo da vida, aqueles párias erigidos a semi-deuses pelos mass media drenam da sociedade não somente a tola atenção, mas sobretudo incalculáveis recursos, com o que vivem no fausto e constroem imensas fortunas.
Por coisas assim é que me convenci, já há muito, de que a humanidade não faz jus, moralmente, a mais que isso: um michael jackson, um kaká ou um di caprio. Não merece jamais um Sabin, um Mandela, um Saramago...
[texto revisto]
Quarta-feira, 8 de julho de 2009
Michael Jackson e João Paulo II: nem o papa era tão pop
Segue o show fúnebre em torno da deplorável figura de Michael Jackson, um desses párias a que me referi noutro escrito, erigidos à condição de semi-deuses pelos mass media. Gente que nenhuma contribuição relevante presta à humanidade, salvo oferecer-lhe circo — e, no caso de Jackson, reconheça-se, um punhado de pão, com sua iniciaiva episódica de um movimento de solidariedade aos famintos na África, nos idos do anos de 1980.
Tenho cá comigo a lembrança dos solenes e concorridos funerais de Karol Wojtyla, estadista de coragem e perspicácia política extraordinárias, cujo papado, como João Paulo II, marcou a história do último quartel do século XX, com sua decisiva contribuição, inclusive, para a queda dos regimes totalitários no leste europeu.
E me ocorre que o mundo presta mais homenagens a Michael Jackson, hoje, que rendeu a João Paulo II uns poucos anos atrás.
Tristemente...
[texto revisto]
muito boas colocações, infelizmente é isso!
ResponderExcluir