Arrematei, há uns tantos dias, um dos últimos pares de ingressos disponíveis para a apresentação da ópera Nabucco, de Giuseppe Verdi, ao longo desta semana no Grande Teatro do Palácio da Artes, como parte da temporada de óperas da Fundação Clóvis Salgado.
Ao chegar à bilheteria do Palácio das Artes — que permanece na idade das trevas, sem conhecer cartões de pagamento ou internet —, fui desde logo advertido pela atendente da escassez de ingressos restantes. Aliás, mais que advertir, a funcionária parecia cultivar um sádico prazer em repetir que eu não conseguiria nenhum posto razoável para assistir ao espetáculo.
- Por que, afinal, a Fundação Clóvis Salgado não procura adequar a oferta de seus preciosos produtos culturais à crescente e efetiva demanda por eles existente na Capital mineira?
- Por que, para além de vastas expectativas criadas por meio de intensa campanha publicitária — com o que visa a difundir o gênero entre o grande público —, a Fundação Clóvis Salgado não investe na substancial ampliação do número de apresentações de cada ópera, bem ainda dos demais espetáculos em cartaz por tempo limitado, passando das atuais 4 ou 5 para, por exemplo, 10 ou 15 sessões?
- Por que a Fundação Clóvis Salgado, a par da preconizada adequação da oferta, não abandona o arcaísmo das transações em moeda sonante e cria um sistema racional e eficiente de venda de bilhetes para as apresentações no Palácio das Artes, com o uso de meios eletrônicos de aquisição e de pagamento, inclusive à distância, via internet?
Bem postas as perguntas, Renato. Já que o mais difícil - quebrar o preconceito de que "ópera é espetáculo para pedantes" - tem sido logrado, é de pasmar que o mais fácil, que é de ordem exclusivamente administrativa, não se opere.
ResponderExcluirVocê tem toda razão, Ricardo. Mais fácil que montar uma ópera e lotar o Grande Teatro de espectadores é resolver esses pequenos inconvenientes que aponto. Mas a incompetência dos gestores da cultura e a acomodação do consumidor de produtos culturais não sinalizam qualquer mudança.
ResponderExcluirAliás, assisti na semana passada a 'La Boheme' e os desacertos administrativos continuam os mesmos.
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